O último dia do ano.

Hoje é o último dia do ano. Já comecei a reparar que sofro fisicamente com estas festas de final de ano. No dia 24, acordei com uma enxaqueca do cão. E hoje, idem. Desde que me casei tenho problemas com estas comemorações. 

Meu pai é superprotetor, manipulador e chantagista. É um excelente pai, mas peca por isso. Ele manipula as informações, limita minhas ações e, se no final ele ainda estiver perdendo, usa da chantagem. Diz que festas assim são para ser comemoradas em família, e que eu mudei, que eu fiquei rebelde depois que me casei. Sinceramente, foda-se. Mudei mesmo, sempre fui obrigada a fazer o que meus pais queria, a ir aos lugares que queriam, enfim, uma vida sem escolhas.. se é que isso era vida. Me sentia tão presa, que atrofiei. E vai ser terrível para me desenvolver novamente. Meu marido tem tentado, mas às vezes vejo o fracasso nos olhos dele. 

Hoje é uma data para ele (meu marido) festejar - e eu também. Ficaremos sós neste Reveillon! Coisa que ele sempre quis, e eu também, mas tinha medo de deixar meus pais. Faremos uma ceia light, beberemos espumante, lembraremos de momentos passados e curtiremos os fogos pela TV. Romântico, calmo e em paz.

Eu vivo a vida.

O fim é o começo.

Meio contraditório, não? Na verdade, este blog é contraditório... partindo do pressuposto de que talvez seja o milésimo que eu crio, sim, é contraditório. Eu simplesmente abandonei os outros porque me faltou assunto, ou porque talvez não tenha dado a "popularidade" que eu esperava. Sei lá quais foram as razões, só sei que o meu objetivo mudou. Eu mudei, ainda bem. Estou mais madura, calejada... Por isso, resolvi criar este blog, uma coisa pra mim, pra desabafar pra mim mesma. Um lugar em que eu possa descarregar tudo o que eu tenho vontade, sem cerimônia ou pena.Eu não tinha idéia do que era ter um espaço só pra mim, algo em que eu pudesse colocar todas as palavras que vêm à cabeça sem me preocupar em como elas serão recebidas.

Enfim, eu dei este nome bem sugestivo para o blog porque quero que realmente aconteça isto para mim. Quero viver intensamente a minha vida; ou seja, NÃO QUERO SABER DA VIDA DOS OUTROS!!!!! Quero estudar, trabalhar, ser feliz! Sinto tanta falta de acreditar em mim que já beirava à loucura. Ter que depender dos outros pra dizer que você é capaz, que consegue desempenhar um bom trabalho, que você é uma boa pessoa. Pra quê? Eu só precisava olhar no espelho e me reconhecer, saber que aquela figura que estava ali era EU. E eu posso muito.

Gosto muito destas épocas do ano, principalmente o Reveillon, porque faz com que a gente tenha uma expectativa de que algum fenômeno aconteça e chacoalhe o mundo, marcando o seu fim/ início. Hoje ouvi no rádio o Ricardo Boechat falando sobre a diferença tênue entre Esperança e Ilusão. Como não tinha pensado nisso antes? Eu vivia uma vida de ilusão, apoiada na dos outros, me alimentando da vida dos outros, querendo saber o que um usava ou qual música ouvia ou livro lia. E eu posso muito mais do que isso. As palavras do Boechat foram como um soco no meu estômago, fazendo com que vomitasse todo esse mal, inveja, rancor; e quando eu inspirava, vinham sabedoria, tolerância e discernimento. Como meus olhos doeram ao retirar aquele lodo todo que me velava para meu verdadeiro ser. Cara, como é bom ser eu! Só espero não ser uma onda daquelas bipolares e minha queda ser terrível..

Eu falei disso porque larguei mão da ilusão e curto a esperança, ralinha ralinha, mas genuína. O fim é o começo porque me agarrei a este final de ano para encontrar forças para enfrentar 2012. Tenho 3 objetivos claros: estudar, sair do sedentarismo e me cuidar (ir ao médico com mais frequência). Preciso recuperar o tempo que gastei amando os outros e me apaixonar de novo por mim.

Eu vivo a minha vida.